Eu aprendi que um verdadeiro encontro
requer um despojar-se de si mesmo a ponto de conhecer o outro à medida que ele
se mostra
Aprendi que as vezes o nosso sorriso
pode trazer esperança para uma alma solitária
Eu aprendi que a maior dificuldade
estar em deixar o nosso monótono cotidiano para encontrar-se com a tristeza do
outro
E que isso não me faz melhor, mas me
faz igual
Um ser que cuida e que é cuidado
Aprendi que o maior problema não é
superar o vício, mas é olhar-se o maior profundo e catar os cacos do coração
Eu aprendi que não há orgulho maior
que a força da voz dos nossos amigos
Aprendi que não é vergonhoso voltar
atrás
E que uma queda não representa o fim
Aprendi que um sorriso pode esconder
uma lágrima, mas que já mais vai calar um coração
Eu aprendi que os nossos ídolos têm
mais de nós do que imaginamos
E que as vezes nos vestimos de
personagens para não encarar as nossas dores
Aprendi que todos os dias temos que saber
lidar com o luto, seja do que partiu ou
dos projetos frustrados
Aprendi que um “Estou bem” quase nunca
representa a verdade
E que o verdadeiro conhecimento do
nosso estado de espirito está na sutileza do
nosso olhar
Aprendi
que pessoas caladas sentem tanto que as vezes lhes faltam até as palavras
Eu
aprendi que as vezes o que julgamos ser um sentimento de amor não passa de
gratidão, pôr o ter acolhido em meio a dor
Eu
aprendi que a palavra “aprender” pode significar tudo e nada ao mesmo tempo
Aprendi
a ser mais sensível diante das fragilidades do outro e ser paciente para
cura-las
Eu
aprendi que as nossas feridas podem servir para ajudar os outros
Aprendi
que os momentos especiais não desaparecem em meio as tribulações e que eles
estão aguardando o tempo certo para recorda-los
Eu
aprendi que é muito doloroso pedir perdão, mas que sentir-se perdoado é
infinitamente mais complicado
Aprendi
que a convivência passa a ser cada vez mais difícil a medida que construímos muros
com medo de mostrar nosso coração
Eu
aprendi que uma tatuagem na pele as vezes representa aquilo que gostaríamos de
tatuar no coração
Aprendi
que o Plano A, B e C não são suficientes no encontro com o outro
Eu
Aprendi a dar espaço ao acaso
Aprendi
que o melhor encontro é aquele que encontramos nós mesmo
Eu
aprendi que existem amarras das quais não estamos preparados para rompe-las
Aprendi
que tem gavetas que estão cheias de tanto vazios e que imploram por atenção
Eu
aprendi que o conflito é a melhor forma de resolver as nossas indiferenças e
que por mais doloroso que seja nos faz crescer em meio ao caos
Eu
aprendi que ser observador é só mais uma forma de evitar a dor...
Francyelly Felix
DSH