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terça-feira, 25 de março de 2014

Carta à Borboleta!

Vivia os meus dias sem reparar,
a sua grandeza não conseguia enxergar
em meio ao tumulto do dia-a-dia você passava despercebida
por entre as flores, o mato, a pista ou a estrada,
em todos os lugares lá você se encontrava

Mas de repente, eis que passou um vendaval
a chuva grotesca
abalou casas, corações e sutis ilusões
turbilhões de emoções que se fazia achar  

Sentimentos a flor da pele revelavam
o que antes jamais tinham sido visto,percebido ou sentido

Minha querida Borboleta, não te havia reparado!
mas, é que naquele dia eu estava tão sensível
você com suas asas machucou o meu sorriso

Fiquei sem rumo, sem direção
o meu equilíbrio foi abalado
e agora? me perguntei, aonde estou? quem sou?

Foi ai que percebi que em meio aqueles destroços
eu não mais sabia quem era você, nem muito menos quem era eu
apesar das nossas diferenças a nossa incongruência davam-se as mãos

Depois de tudo isso, aquilo que parecia ser fundo de uma história
agora passar a ser imagem principal
porque ao olhar para você via a mim mesma

Tentando dividir o que era meu e o que era seu
passei a contemplar-te
apesar do seu jeito desengonçado de ser

Mas, saiba que muitas coisas ainda não compreendo em ti
não sei seu endereço
nem quantos dias você passa no casulo
até que descubra quando será o momento certo para voar

Não sei como foi sua vida 
quando você ainda era só uma lagarta 
Não sei, se existe algum momento durante o dia que você pode parar 
Sem contar durante a noite, não consigo imaginar onde posso te encontrar
 
As vezes olhando os seus voos sem direção
busco entender algumas consequências, sem ao menos saber das tuas respostas
fico tentando entender quem é você, já que suas respostas ficam meio subtendidas
 
Mas, me parece que os seus voos
 revelavam os seus medos e anseios
 não entendo essa sua eterna contradição

As vezes lagarta metódica, cheia de planos e razões
cheia de medo de perder o controle da situação
tecendo camadas mais grossas em volta do seu casulo  

E outras vezes, á vejo com uma enorme vontade
de se libertar de si mesma, mas preza a seus métodos
"Talvez" porque você saiba que as Borboletas voam sem direção
  
Minha cara Borboleta
Apesar de sermos seres tão distintos
agradeço por sua amizade

Detesto ter que dizer isso:
mas, que seja eterno em quanto dure.

DSH