Existir é
estar entregue à responsabilidade do cuidado pelo próprio ser, nós não somos
simplesmente nós mesmos, nós nos tornamos nós mesmos a partir do cuidado com a
nossa possibilidade mais própria de ser. Existir é ter que ser. E, a partir da
vida -e- morte de cada dia, somos instalados a nos tornamos o que somos, ou
seja, a nos tornamos a nossa possibilidade mais própria de ser. Porque, quase
sempre, nós já fugimos de nós mesmos e de nossa possibilidade mais própria de
ser, a existência se nos torna enfadonha e molesta, com outras palavras, se nos
torna o fardo de uma possibilidade impossível, isto é, de uma possibilidade,
que é, ao mesmo tempo, insuperável, incontornável, irremissível. Insuperável,
pois o combate da existência se insurge sempre de novo. Incontornável, pois a
exigência da liberdade, isto é, da autorresponsabilização pelo próprio ser se
mostra um paredão intransponível, que não deixa vias de fuga. Irremissível,
pois a resposta à convocação de ser o que somos não pode ser transferida para
ninguém e nenhum outro pode assumir por mim a possibilidade que só a mim
pertence: a possibilidade de ser o que eu sou.
PEIXOTO, A. J; HOLANDA, A. F. Fenolenologia do
cuidado e do cuidar: perspectivas multidisciplinares. Curitiba: Juruá.
(2011)
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